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Museu Marítimo do Brasil

MUSEU MARÍTIMO DO BRASIL

USO CULTURAL- CONCURSO PÚBLICO DE ARQUITETURA
LOCALIZAÇÃO RIO DE JANEIRO, RJ, BRASIL
ANO DE PROJETO 2021


PROJETO ARQUITETÔNICO E INTERIORES  EDUARDO L MAURMANN, ELEN B N MAURMANN, PAULA OTTO, BEATRIZ ROCHA, LEONARDO ZANATTA, GUILHERME DACAS, GUILHERME XAVIER, GABRIELA NODARI, THIAGO KELTKE E EQUIPE DO ARQUITETURA NACIONAL.

 

O mar é implacável, criador e destruidor, dono de uma potência incrível. Ele é ancestral e infinito, existe desde o início dos tempos e vai seguir muito além da nossa existência. É dono de contrastes muito potentes: é antigo e novo, calmo e revolto, raso e profundo. Mais que tudo isso, ele é mistério, encantamento e fascinação. E é nesse universo de possibilidades que o visitante é convidado a mergulhar no novo Museu Marítimo do Brasil.

O Museu se configura como um complexo que inclui uma área de praça e dois novos volumes construídos. No edifício principal, o visitante percorre a exposição por meio de um circuito que conta uma história que inicia no começo da vida no planeta e termina olhando para o futuro no horizonte. O percurso acontece em oito atos, que se desenrolam dentro de volumes contidos em um exoesqueleto em madeira. Cada um desses espaços tem características diferentes e conta uma história sobre a nossa relação com o mar.

A circulação é fluída, em uma brincadeira de dentro e fora: o visitante percorre o museu por meio de decks e rampas, entrando e saindo dessas “caixas”. Dessa forma, a conexão com o mar e a cidade nunca se perde e a imersão se torna muito mais interessante - é quase como colocar a cabeça pra fora da água para respirar antes do próximo mergulho. A vista do exterior é filtrada através de “velas”, que, como as ondas do mar, ora estão revoltas, ora calmas. Revelando e ocultando o que se vê na paisagem.

O complexo do Museu é complementado por um edifício menor, de apoio, com materialidade muito similar ao principal, onde se localizam o restaurante e o auditório, criando áreas de estar ao longo de todo o píer e praça, gerando vida e movimento ao entorno. As embarcações estão dispostas ao longo do píer, como elementos estéticos pertencentes ao conjunto arquitetônico.

O dia e a noite contrastam muito no Museu: durante o dia ele tem ares etéreos, com os tons claros da madeira e dos tecidos. À noite, se torna mais dramático: os diferentes tons das madeiras dos volumes se destacam e o pulsar de uma grande esfera de luz vira um coração batendo no seu interior, fazendo dele um edifício lanterna para a cidade.

FORMA E MATERIAIS

O complexo do museu se desenvolve em dois volumes - um principal, assentado no antigo píer, e um menor, de apoio, junto à praça, ambos muito parecidos em materialidade. O volume principal, do píer, possui 15m de altura e é composto de um exoesqueleto em MLC (madeira laminada colada), com módulos de pilares de 12,15x15,5m, mantendo a antiga estrutura do píer - da qual está “descolado” 85cm. Uma viga contínua em concreto faz a transição e distribuição de cargas entre a nova estrutura e as estacas da estrutura existente.

Dentro desse complexo de pilares e vigas, volumes distintos - também em madeira, contém a área expositiva e de apoio do museu. Cada uma dessas “caixas” possui um tratamento diferente, conferindo variabilidade de tons e texturas. Esse sistema construtivo foi pensado de forma a flexibilizar os usos do museu ao longo dos anos futuros: com um planejamento sustentável, esses volumes podem vir a ser ampliados ou completamente rearranjados conforme a necessidade, uma vez que são contidos dentro dessa estrutura independente de vigas e pilares.

Externamente a esse conjunto, um “véu” construído por uma membrana têxtil em tecido translúcido tensionado (low-wich) faz um desenho de movimento na fachada: ora abrindo o visual do entorno e ora deixando que ele seja filtrado.

Esse material evita umidade e formação de fungos entre as camadas do tecido. Consequentemente, evita também manchas internas, sendo indicado para membranas claras ou translúcidas. A estrutura de apoio desse sistema é em aço. O piso do píer é mantido original, respeitando e valorizando a pré-existência. Ao longo desses espaços, no nível mais baixo, se configuram praças secas com áreas de estar e permanência.

A esfera de luz, objeto destaque da composição, possui sua estrutura em bambu. Uma camada dupla proporciona dois tipos de efeito: externamente, uma lona translúcida tensionada é retro iluminada para receber o efeito de luz pulsante. Internamente, uma estrutura de lona fosca recebe as vídeo-projeções de arte. À noite, ela é um destaque de luz no interior do prédio.

O volume de apoio, da praça, possui dois pavimentos, 8m de altura e é composto por uma estrutura em madeira MLC (madeira laminada colada) e tem como fechamento externo a mesma membrana têxtil do edifício principal, que aqui é posicionada de forma mais simples, em planos verticais nas fachadas.